Cruzeiro contrata Tite após saída de Jardim; conflito com Gabigol põe em risco elenco

Cruzeiro contrata Tite após saída de Jardim; conflito com Gabigol põe em risco elenco dez, 16 2025

O Cruzeiro Esporte Clube anunciou na segunda-feira, 15 de dezembro de 2025, a saída do técnico português Leonardo Jardim — um fim abrupto, mas não inesperado, após a eliminação na semifinal da Copa do Brasil Neo Química Arena contra o Sport Club Corinthians Paulista. O clube mineiro confirmou que Jardim deixou o cargo por ‘questões pessoais’, mesmo com contrato válido até dezembro de 2026. Ele se despediu do elenco nos vestiários da arena em São Paulo, sem discutir resultados, apenas agradecendo e pedindo desculpas. O presidente da SAF celeste, Pedro Lourenço, chorou ao falar da partida e da saída: ‘Ele não pediu reajuste. Não pediu nada. Só precisava de um tempo. E nós respeitamos.’

De Jardim a Tite: o plano B virou plano A

Enquanto o clube ainda tentava digerir a perda de Jardim, a diretoria já tinha um nome na ponta da língua: Adenor Leonardo Bacchi, o Tite. O treinador gaúcho, de 64 anos, estava afastado desde setembro de 2024, após deixar o Clube de Regatas do Flamengo, dizendo que precisava cuidar da saúde mental. Mas na manhã de segunda, logo após a confirmação da saída de Jardim, Tite e seu empresário estavam na sede do Cruzeiro, em Belo Horizonte, discutindo o projeto. Fontes próximas à diretoria disseram que a reunião foi ‘técnicamente intensa e emocionalmente leve’. O clube ofereceu contrato até o fim de 2026 — e superou o interesse do Sport Club Internacional, que havia feito proposta formal antes.

Uma segunda passagem por Minas — e uma sombra antiga

Tite já passou por Minas Gerais antes. Em 2005, treinou o Clube Atlético Mineiro por apenas três meses, e foi demitido após o rebaixamento à Série B. Foi um período curto, mas marcado por críticas à gestão e à falta de identificação com a torcida. Agora, ele volta — mas não como técnico de um rival, e sim como o novo líder da Raposa. O clube vê nele o perfil ideal: experiente, disciplinado, com capacidade de organizar a Toca da Raposa II, o centro de treinamento em Nova Lima. Mas há um problema que ninguém quer ignorar: Gabigol.

O atacante, que chegou ao Cruzeiro em julho de 2025, já disse em entrevista que não aceitaria o contrato se soubesse que Tite seria o técnico. ‘Eu não teria vindo aqui se ele fosse o treinador’, afirmou Gabigol em setembro, referindo-se ao período em que jogou sob Tite no Flamengo, entre outubro de 2023 e setembro de 2024. Segundo o Terra, o jogador sentiu-se marginalizado, sem espaço tático e com pouca liberdade de movimento. A relação nunca foi boa — e agora, está na mesa.

Quem mais estava na mira?

Antes de fechar com Tite, o Cruzeiro avaliou pelo menos três outros nomes. O uruguaio Paulo Pezzolano, ex-técnico do Athletico-PR, foi considerado por sua experiência em equipes com perfil defensivo. O argentino Martín Anselmi, que comandou o Bahia na Série A, também esteve na lista. Mas ambos tinham uma desvantagem: não tinham a mesma autoridade, nem o histórico de conquistas nacionais e internacionais que Tite traz. O clube queria alguém que pudesse unir a torcida, reorganizar o elenco e, sobretudo, atrair patrocinadores. Tite é isso: um nome que vende, mesmo quando está em silêncio.

O que vem a seguir?

Tite deve ser apresentado oficialmente na próxima semana, com cerimônia na Toca da Raposa II. A diretoria espera que ele comece a trabalhar com a base já na terça-feira, 16 de dezembro, e que a preparação para a temporada de 2026 comece sem atrasos. Mas o grande desafio será lidar com Gabigol. O jogador é o principal artilheiro da equipe desde sua chegada — e, por enquanto, não demonstra interesse em mudar de opinião. Se o clube não resolver isso, pode perder não só um jogador, mas também a confiança da torcida, que já começa a se perguntar: ‘Será que ele vai ficar?’

Outro ponto delicado: o Santos Futebol Clube. Tite foi formado nas categorias de base do clube — é chamado de ‘Menino da Vila’ por muitos santistas. O clube paulista, que está em crise técnica, já monitora a situação. Se Tite não se adaptar ao Cruzeiro, o Santos pode tentar trazê-lo de volta. É uma possibilidade real — e o Cruzeiro sabe disso.

Por que isso importa?

Esta não é só uma troca de técnico. É um teste de identidade. O Cruzeiro quer voltar a ser um time de conquistas, não apenas de promessas. Tite representa a chance de trazer experiência, estrutura e autoridade. Mas também traz riscos: a relação com Gabigol pode se tornar um incêndio dentro do vestiário. E se o jogador pedir transferência? E se a torcida se dividir? O clube apostou tudo em um nome histórico — e agora, terá que provar que o passado pode ser o futuro, mesmo com feridas abertas.

Frequently Asked Questions

Por que Tite aceitou o Cruzeiro se queria voltar à Europa?

Embora Tite tenha priorizado clubes europeus, ele considerou o projeto do Cruzeiro mais atraente por sua estrutura financeira, infraestrutura da Toca da Raposa II e a possibilidade de reconstruir uma grande equipe no Brasil. A diretoria ofereceu autonomia total para montar a comissão técnica e planejar o futuro, algo que poucos clubes europeus garantem em curto prazo.

Como a saída de Jardim afetou o elenco?

A saída de Jardim gerou incerteza imediata, especialmente entre jogadores que tinham vínculo forte com ele, como o volante Bruno Guimarães e o zagueiro Lucas Veríssimo. Mas a rápida contratação de Tite, com sua reputação de disciplina e organização, acalmou parte do grupo. Ainda assim, a ansiedade permanece enquanto não houver um novo treinador de goleiros e preparadores físicos definidos.

Gabigol realmente pode deixar o Cruzeiro por causa de Tite?

Sim. Gabigol já manifestou publicamente sua resistência, e o Cruzeiro não tem poder de força para obrigar um jogador de sua importância a ficar. Se a relação não melhorar nas próximas semanas, o jogador pode pedir transferência — e clubes como o São Paulo e o Palmeiras já estão de olho. O Cruzeiro perderia seu principal artilheiro e um dos principais atrativos da temporada.

Qual é o histórico de Tite com clubes mineiros?

Tite treinou o Atlético-MG por apenas três meses em 2005, e foi demitido após o rebaixamento à Série B. Foi um período curto e conturbado, com críticas à sua gestão e à falta de adaptação ao estilo de jogo da torcida. Agora, ele volta como técnico do rival histórico — e a pressão será ainda maior. O clube espera que ele transforme essa memória negativa em uma nova história.

O que o Cruzeiro ganha com a contratação de Tite, além do nome?

Além da imagem, Tite traz contatos internacionais, experiência em competições como Libertadores e Mundial de Clubes, e um método de trabalho que valoriza a formação de jovens. Ele já ajudou a revelar jogadores como Casemiro e Neymar na Seleção. O Cruzeiro vê nele a chance de criar uma nova geração de talentos, alinhada ao projeto de longo prazo — e não apenas à busca por títulos imediatos.

O que acontece se Tite não der certo?

Se o desempenho não melhorar até junho de 2026, o Cruzeiro pode buscar um novo técnico, mas a saída de Tite seria um golpe psicológico e financeiro. A marca do clube se vendeu com sua contratação — e perderia credibilidade. A diretoria já prepara um plano B: se ele não funcionar, o próximo treinador será alguém com perfil mais jovem, como o ex-jogador e técnico Rogério Ceni, que também está no radar.