George Foreman morre aos 76; campeão mundial e inventor do grill mais vendido do mundo

George Foreman morre aos 76; campeão mundial e inventor do grill mais vendido do mundo nov, 22 2025

O mundo do esporte perdeu um dos seus maiores ícones: George Foreman, campeão mundial dos pesos-pesados duas vezes, medalhista de ouro olímpico e o rosto por trás do George Foreman Grill, morreu aos 76 anos em 21 de março de 2025, nos Estados Unidos. A notícia foi confirmada pela família em uma postagem no Instagram, que o descreveu como um homem de fé, disciplina e propósito — um guerreiro que venceu no ringue, na igreja e no mundo dos negócios. Ele morreu em casa, cercado por familiares, após uma vida que transformou dor em legado, derrotas em renascimentos e um simples aparelho de cozinha em um fenômeno global.

Do ouro olímpico ao título mundial: a ascensão de um gigante

Em 1968, aos 19 anos, George Foreman subiu ao topo do mundo ao conquistar o ouro nos Jogos Olímpicos de Cidade do México, derrotando o soviético Jonas Cepulis com um nocaute no segundo round. Mas foi em 22 de janeiro de 1973, em Kingston, Jamaica, que ele se tornou lenda: nocauteou o invicto Joe Frazier no primeiro round, levando o cinturão mundial dos pesos-pesados pela primeira vez. Naquela noite, o mundo viu um homem de força quase sobrenatural — 220 quilos de músculos, punhos como martelos e uma presença que intimidava até os mais corajosos.

A queda no ‘Rumble in the Jungle’ e a redenção na igreja

Mas a história não terminou ali. Em 30 de outubro de 1974, em Kinshasa, na então Zaire (atual República Democrática do Congo), Muhammad Ali aplicou o que se tornaria o golpe mais inteligente da história do boxe: a ‘rope-a-dope’. Enquanto Foreman despejava socos como uma tempestade, Ali se apoiava nas cordas, deixava-se atingir, cansava o adversário — e no oitavo round, nocauteou o gigante. Foi um dos momentos mais icônicos do esporte, documentado no filme vencedor do Oscar When We Were Kings.

Após a derrota, Foreman venceu cinco lutas seguidas, mas em abril de 1977, em San Juan, Porto Rico, ignorou conselhos, treinou mal e perdeu por decisão para Jimmy Young, exausto em um ringue sem ar-condicionado. Naquele momento, aos 28 anos, ele desapareceu. Não foi um aposentadoria comum. Ele se tornou ministro ordenado da Igreja do Senhor Jesus Cristo, em Houston, Texas, e passou os próximos dez anos pregando, ajudando jovens e se afastando da violência que o boxe representava.

A volta inacreditável: o mais velho campeão da história

Em 1987, aos 38 anos, ele voltou. Não por fama, mas por necessidade — queria provar a si mesmo que ainda tinha algo a oferecer. Em 5 de novembro de 1994, aos 45 anos, em Las Vegas, ele enfrentou Michael Moorer, o jovem campeão que tinha metade da sua idade. E, em um dos maiores milagres do esporte, nocauteou o adversário no segundo round. George Foreman tornou-se o mais velho campeão mundial dos pesos-pesados da história — um recorde que ainda não foi batido. Ele não estava tentando provar nada ao mundo. Estava provando que nunca é tarde para recomeçar.

O grill que mudou sua vida — e a de milhões

O grill que mudou sua vida — e a de milhões

Enquanto isso, outra revolução acontecia. Em 1989, ele assinou um contrato com a Salton, Inc., para emprestar seu nome a um aparelho de cozinha que grelhava carne sem óleo. Ele recebeu inicialmente US$ 60 milhões. Mas em 1999, vendeu os direitos do nome por US$ 137,5 milhões. O George Foreman Grill vendeu mais de 100 milhões de unidades até 2022. Ele aparecia em comerciais com seu sorriso largo, dizendo: “Isso aqui é só uma grelha? Não, é um milagre.” E era. Seu patrimônio líquido superou US$ 300 milhões, segundo a Forbes.

Um homem de múltiplas almas

Foreman era mais que um boxeador. Era um pregador que falava de perdão. Um pai que criou dez filhos. Um avô que se divertia com netos e bisnetos. Ele escreveu em sua autobiografia: “Não há uma única lição que eu aprendi na vida que não tenha vindo de maneira difícil... Mas o que te define não é o que você passa, é como você volta.”

Seu recorde: 37 lutas, 32 vitórias (20 por nocaute), 5 derrotas. Suas maiores derrotas foram contra Ali e Young — mas foram essas que o tornaram humano. E foi isso que o fez querido. Não por ser invencível, mas por ser capaz de levantar depois de cair — e fazer isso com graça.

O que vem a seguir?

O que vem a seguir?

A família de Foreman, baseada em Houston, planeja um serviço memorial público, com presença esperada de lendas do boxe, como Mike Tyson e Lennox Lewis. A Associação Internacional de Boxe Profissional já anunciou que homenageará seu nome em todos os eventos de 2025. O museu do boxe em Nova York já prepara uma exposição permanente com suas luvas, o cinturão de 1973 e o primeiro grill que ele usou em um comercial.

Na igreja em Houston, os fiéis já rezam por ele. Nas cozinhas de milhões de lares, o grill continua funcionando — grelhando carne, mas também simbolizando a ideia de que mesmo o mais pesado dos fardos pode ser transformado em algo leve, útil, até mesmo sagrado.

Frequently Asked Questions

Como George Foreman conseguiu voltar ao boxe aos 45 anos e se tornar campeão?

Após uma década como ministro, Foreman voltou ao ringue não por dinheiro, mas por propósito. Ele treinou com disciplina rigorosa, focando em resistência e técnica, não em força bruta. Seu treinador, Dick Sadler, o ajudou a adaptar seu estilo, usando movimentos mais eficientes. Ao enfrentar Michael Moorer, ele aproveitou a experiência e a paciência — não a velocidade — para nocauteá-lo no segundo round, tornando-se o mais velho campeão dos pesos-pesados da história.

Qual foi o impacto do George Foreman Grill na cultura popular?

O grill não foi só um produto de sucesso — foi um símbolo de mudança. Ele transformou o conceito de “grelhar” de algo masculino e sujo em algo prático, saudável e acessível. Vendeu mais de 100 milhões de unidades, e Foreman se tornou o primeiro atleta a ter um produto de consumo tão popular quanto seu nome. A campanha publicitária, com seu sorriso e frases como “É só uma grelha?”, criou uma conexão emocional que nenhum outro esportista conseguiu replicar.

Por que a luta contra Muhammad Ali foi tão importante?

O ‘Rumble in the Jungle’ foi mais que um combate de boxe: foi um confronto cultural. Ali, o rebelde, contra Foreman, o poderoso. A vitória de Ali não só mudou o rumo do esporte, mas também redefiniu o que significa ser um campeão — inteligência e estratégia vencem força bruta. O filme When We Were Kings transformou o evento em um documento histórico, e ainda hoje é estudado por atletas e treinadores em todo o mundo.

George Foreman tinha alguma relação com o Brasil?

Embora nunca tenha lutado no Brasil, Foreman foi amplamente celebrado aqui. Seu estilo de vida, sua jornada de redenção e seu sucesso empresarial inspiraram gerações de brasileiros. O grill se tornou um item comum em lares de classe média, e seu nome era sinônimo de superação. Em 2003, ele visitou São Paulo para um evento de promoção e foi recebido como herói — não por seu título, mas por sua história.

Quais foram suas maiores conquistas fora do ringue?

Fora do boxe, Foreman fundou a Igreja do Senhor Jesus Cristo em Houston, ajudou centenas de jovens em risco, e criou o George Foreman Youth and Family Center. Ele também doou parte de seus lucros para programas de educação e alimentação. Em 2017, recebeu o prêmio Muhammad Ali Humanitarian Award — um reconhecimento que ele disse que valorizava mais do que qualquer cinturão.

O que ele deixou como legado para os jovens?

Foreman ensinou que o fracasso não é o fim, mas um ponto de partida. Ele não escondia suas derrotas — as usava como lições. Sua frase mais citada, “O que te define é como você volta”, se tornou um mantra para quem enfrenta dificuldades. Para os jovens, ele mostrou que você pode ser um pastor, um empresário e um campeão — tudo ao mesmo tempo — desde que mantenha a humildade e o propósito.