Protesto Maori com Haka Abala Parlamento Neozelandês em Meio a Controvérsia sobre Tratado de Waitangi

Protesto Maori com Haka Abala Parlamento Neozelandês em Meio a Controvérsia sobre Tratado de Waitangi nov, 16 2024

Maori Executam Haka no Parlamento Neozelandês

No coração do Parlamento da Nova Zelândia, ressoaram ecos de um protesto tradicional Maori, quando legisladores nativos recorreram ao haka, uma poderosa dança cultural, para expressar seu descontentamento frente a um polêmico projeto de lei. Este projeto visa reinterpretar o histórico Tratado de Waitangi, assinado há 184 anos entre a Coroa Britânica e líderes tribais Maori. Esta movimentação gerou uma onda de discussões sobre os direitos dos povos indígenas e a soberania cultural na contemporaneidade.

O Tratado de Waitangi é um pilar fundamental nas relações entre Maori e não-Maori na Nova Zelândia. Assinado em 1840, o documento buscava estabelecer regras de convivência e governança compartilhada. Porém, ao longo dos anos, sua interpretação tem sido foco de disputas e revisões. O projeto de lei em questão, apresentado pelo partido ACT da Nova Zelândia, que faz parte da coalizão governista de centro-direita, pretende inscrever no ordenamento jurídico uma visão mais restrita do tratado.

Resistência Maori e Mobilização Nacional

A proposta não foi bem recebida pelos Maori, que representam cerca de 20% da população de 5,3 milhões de habitantes do país. Como forma de resistência, centenas de pessoas embarcaram em uma longa marcha, conhecida como hikoi, que saiu do norte do país em direção à capital Wellington, realizando manifestações em várias cidades ao longo do trajeto. Essa mobilização cresceu e está prevista para culminar em um grande protesto em Wellington, reunindo possivelmente dezenas de milhares de participantes.

Mesmo com a aprovação inicial na primeira leitura, a viabilidade do projeto é incerta. Elementos chave da coalizão, como o Partido Nacional e o New Zealand First, já indicaram que seu suporte está restrito à leitura inicial, sendo parte de acordos políticos para a formação do governo, mas não apoiarão sua transformação em lei. O Primeiro-Ministro Christopher Luxon vive um dilema político, equilibrando-se entre os compromissos de coalizão e as pressões populares.

Impacto e Controvérsia do Protesto no Parlamento

Durante a sessão parlamentar, os legisladores Maori, liderados pela influente Hana-Rawhiti Maipi-Clarke, quebraram a monotonia política com a realização de um haka, levando à suspensão temporária dos trabalhos. A ação resultou na retirada de dois parlamentares e gerou críticas do presidente da Câmara, Gerry Brownlee, que qualificou o protesto como desrespeitoso, suspendendo Maipi-Clarke por um dia. O autor da proposta, David Seymour, defendeu o projeto alegando que ele preenche uma lacuna deixada pelo Parlamento ao longo de cinco décadas, embora opositores o acusem de desestabilizar as relações raciais e constitucionais do país.

A proposta seguirá para um processo de submissões públicas antes de uma nova votação, mas suas chances de aprovação são problemáticas. Este episódio lançou um debate acalorado sobre o tratamento dos direitos indígenas e a direção futura das políticas nacionais. A expectativa de marchas em Wellington contra o projeto reflete o profundo descontentamento e a determinação de uma parte significativa da população em proteger seus direitos e heranças culturais.

O Futuro do Tratado de Waitangi e a Identidade da Nova Zelândia

O Futuro do Tratado de Waitangi e a Identidade da Nova Zelândia

O que está em jogo não é apenas um documento antigo, mas a própria identidade da Nova Zelândia. O Tratado de Waitangi continua a ser um símbolo de esperança para muitos Maoris, um compromisso de um futuro compartilhado e justo. A tentativa de sua restrição legal levanta questões críticas sobre soberania e autodeterminação. A situação atual destaca a necessidade contínua de diálogo aberto e inclusivo sobre o papel do tratado e das aspirações dos povos indígenas.

Como as vozes dos manifestantes ecoam nas ruas e nos salões do poder, a Nuva Zelândia encontra-se em uma encruzilhada histórica, ponderando entre tradição e progresso, legado e futuro. O desfecho desse debate pode redefinir não apenas o futuro legal do tratado, mas também o caminho cultural da nação. Esses eventos sublinham a importância de reconhecer e respeitar os valores e as perspectivas de todas as comunidades ao influenciar o destino do país.

7 Comentários

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    Tereza Pintur

    novembro 17, 2024 AT 18:22
    Isso tudo é só mais uma peça do jogo. Eles sempre usam o haka pra chamar atenção, mas quando o assunto é dinheiro ou imposto, sumem. Acho que tá na hora de parar de dar atenção a esse teatro cultural.
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    CarlosSantos Santos

    novembro 18, 2024 AT 06:16
    O haka não é só dança, é alma. É o grito de um povo que nunca foi ouvido direito. Esse tratado foi assinado com sangue e promessas, não com papel e caneta. Quem quer reescrevê-lo não tá defendendo a lei, tá tentando apagar a história. A Nova Zelândia não é só para quem fala inglês e vota na direita.
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    Dayene Moura

    novembro 19, 2024 AT 12:21
    Eu não sou neozelandesa, mas isso aqui me fez chorar. Imagina ser obrigado a esconder sua língua, seu ritual, sua identidade só porque alguém decidiu que ‘moderno’ é igual a ‘ocidentalizado’. Isso não é política, é violência silenciosa. Eles estão lutando pra não virar uma lembrança de museu.
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    Fabrício e Silva Sepúlveda

    novembro 21, 2024 AT 07:59
    Sério? Dança guerreira no parlamento? Isso é terrorismo cultural. Se quiserem direitos, que façam como todo mundo: votem, estudem, trabalhem. Não pode virar festa indígena no Congresso. Se a Nova Zelândia continuar assim, vai virar um parque temático de folclore e acabar com o país.
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    Rafael Spada

    novembro 22, 2024 AT 03:13
    O que é soberania, afinal? Um conceito que nasceu na Europa, impôs colônias, e agora é usado pra negar direitos a quem foi colonizado. O tratado não é um documento, é um espelho. E o que ele reflete? Nossa hipocrisia. Nós queremos justiça... mas só quando não nos custa nada. O haka é o silêncio que grita o que as leis se recusam a ouvir.
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    Mariana Marinho Mary

    novembro 23, 2024 AT 08:57
    Eu não entendo de política, mas vi o vídeo do haka e fiquei com os olhos cheios. Se isso faz eles se sentirem respeitados, quem sou eu pra dizer que tá errado? A gente precisa de mais empatia, não de mais leis.
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    Walter Bastos

    novembro 25, 2024 AT 05:54
    O que vocês não entendem é que o tratado foi mal interpretado desde o começo os maoris não tinham conceito de propriedade privada como os britânicos então o que eles assinaram não era o que os ingleses acharam que assinaram agora 184 anos depois tá na hora de corrigir isso não é racismo é correção histórica e se alguém quer dançar no parlamento que vá pro teatro

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