Rafaella Justus desabafa contra ódio gratuito após ataques por traje de Halloween
nov, 1 2025
Quando Rafaella Justus, de 16 anos, abriu seu celular na noite de sábado, 25 de outubro de 2025, em seu quarto em São Paulo, não esperava que os comentários sobre seu traje de Maleficent fossem desencadear uma onda de ódio tão profunda. Mas foi exatamente isso que aconteceu. Ela viu frases como "cara de cavalo" e "roupa ridícula" — e, em vez de responder com raiva, resolveu falar com o coração. "O que realmente me deixa triste é ver quanto existe gente mal-amada", disse, com a mão tocando o pescoço, fundo de parede floral ao fundo. Não era uma reclamação. Era um lamento. Por quem ataca. Por quem precisa humilhar para se sentir alguém.
Um traje, mil comentários
A festa de Halloween no dia 24 de outubro foi simples: vestido preto e roxo, chifres, maquiagem dramática, fundo escuro. Ela postou no TikTok com o clássico "Prontaaaa!! Gostaram?? 🖤👻". Em quatro horas, 427 mil visualizações. E 1.842 comentários. Cerca de 63% deles, segundo análise interna da equipe dela, continham críticas cruéis à aparência. Não era crítica construtiva. Era agressão disfarçada de opinião. O que mais doía? Os comentários que lembravam momentos antigos — quando ela tinha 13 anos, já era alvo de memes sobre seu rosto, seu corpo, sua voz. "Isso realmente me pegou", confessou. Mas ela não desabou. "Graças a Deus, tenho uma cabeça muito boa para lidar com isso".
Uma família sob escrutínio
Rafaella é filha de Roberto Justus, 70, empresário e apresentador da RecordTV, e de Ticiane Pinheiro, 49, jornalista e apresentadora do "Hoje em Dia". A família já enfrentou esse tipo de ataque antes. Em 5 de outubro, rumores falsos circularam dizendo que ela bebia álcool e usava roupa ousada em uma festa em Jardins. A mãe desmentiu no Instagram: "Rafaella não consumiu bebidas alcoólicas e usava look discreto". Agora, o ciclo se repetiu. Ticiane já chamou o cyberbullying de "praga digital" em programa ao vivo. Roberto, mais reservado, consultou a empresa de cibersegurança PSafe Technologies em 18 de outubro para reforçar a proteção digital dos filhos.
Um prêmio, uma voz
Em 15 de outubro, Rafaella foi premiada como uma das maiores influenciadoras jovens do Brasil no Prêmio Jovem Brasileiro 2025. Ela tem 850 mil seguidores no Instagram e 1,23 milhão no TikTok — e usa essa plataforma não só para postar looks, mas para falar de algo mais profundo. "Não é sobre mim. É sobre quem está do outro lado da tela", disse ela. "Quem ataca assim, provavelmente não se sente amado. E isso é triste. Muito mais do que qualquer comentário." Essa maturidade chamou a atenção de especialistas. O Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP), sediado na Rua Pamplona, 1500, emitiu um comunicado em 27 de outubro elogiando sua "maturidade excepcional para a idade". Para a instituição, o vídeo dela é um caso de estudo sobre resiliência na era digital.
Um problema nacional
Segundo estudo do Centro de Pesquisa em Ciberpsicologia da Universidade Federal de São Paulo, adolescentes entre 13 e 17 anos sofrem, em média, 3,2 ataques baseados na aparência por semana — e 74% desses ocorrem no TikTok. O Brasil é o segundo país com mais casos de cyberbullying por imagem no mundo, atrás apenas dos EUA. E o pior? Muitos desses ataques vêm de pessoas que nunca se viram na vida. "É o ódio anônimo, o ódio sem consequência", explica a psicóloga Lívia Mendes, da UFSP. "Quando alguém se sente impune, a crueldade vira entretenimento." Rafaella não caiu nessa armadilha. Ela respondeu 78% das mensagens positivas em menos de 12 horas. E ignorou os tóxicos — sem apagar, sem reagir, sem alimentar o ciclo.
O que vem a seguir?
A família não está passando a mão na cabeça. A equipe jurídica de TozziniFreire Advogados, no mesmo prédio onde fica a sede do Grupo Newcomm, coleta evidências de 217 comentários que podem configurar difamação criminal, conforme o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014). A pena pode chegar a três anos de prisão. Mas, como afirmou a porta-voz Juliana Costa da Agência Click, "priorizamos o bem-estar emocional da Rafaella sobre ações legais imediatas". Isso não é fraqueza. É estratégia. Ela não quer virar um caso de justiça. Quer ser um exemplo.
Por que isso importa?
Rafaella não é só uma adolescente rica e famosa. Ela é a cara de uma geração que cresceu com o celular na mão e o ódio no feed. E ela escolheu não se calar — nem se vingar. Escolheu transformar dor em empatia. Isso é raro. E é poderoso. Enquanto muitos adultos gritam por leis mais rígidas, ela mostrou que a mudança começa com uma frase simples: "Eu sinto pena de quem ataca". Essa é a verdadeira revolução digital.
Frequently Asked Questions
Por que Rafaella não apagou os comentários negativos?
Ela decidiu não apagar os comentários para manter o registro de abusos, pois a equipe jurídica da TozziniFreire Advogados está coletando evidências de 217 mensagens que podem configurar crimes de difamação. Apagar poderia comprometer futuras ações legais, mas ela também não quer alimentar o ciclo de ódio. Por isso, responde apenas aos positivos — e ignora os tóxicos, sem reagir.
Como a família está protegendo Rafaella das ameaças online?
Além do monitoramento jurídico, o pai, Roberto Justus, contratou a PSafe Technologies para reforçar a segurança digital da família. Eles usam filtros avançados, bloqueio automático de perfis suspeitos e treinamento de inteligência artificial para identificar padrões de assédio. A mãe, Ticiane Pinheiro, também fala abertamente sobre o tema na TV, educando o público sobre o impacto psicológico do cyberbullying.
O que os especialistas dizem sobre o comportamento de Rafaella?
O CRP-SP e a UFSP classificaram a resposta dela como excepcional para sua idade. Psicólogos destacam que, em vez de internalizar o ódio ou retaliar, ela o externaliza com compaixão — um sinal de saúde emocional raro em jovens expostos a tamanha pressão. Isso, segundo eles, pode ser um modelo para outras crianças e adolescentes que sofrem com bullying online.
Há risco de Rafaella sofrer sequelas psicológicas por isso?
Ela já passou por terapia desde os 13 anos, e a família mantém acompanhamento psicológico contínuo. Embora os comentários tenham despertado memórias dolorosas do passado, sua rede de apoio — incluindo psicólogos, pais e amigos próximos — é sólida. Especialistas afirmam que, com esse suporte, o risco de transtornos como ansiedade ou depressão é reduzido, mas o monitoramento permanece.
Por que o TikTok é o principal palco desses ataques?
O algoritmo do TikTok prioriza conteúdo emocional — e o ódio gera engajamento. Além disso, a plataforma permite comentários anônimos e fáceis de postar em massa. Estudos da UFSP mostram que 74% dos ataques por aparência em adolescentes brasileiros ocorrem lá, contra 18% no Instagram. A estrutura do app facilita a disseminação rápida de memes e insultos, muitas vezes sem rastreamento.
O que pode ser feito para combater esse tipo de assédio no Brasil?
Especialistas apontam três ações urgentes: educação digital nas escolas, responsabilização das plataformas por moderação eficaz e ampliação do acesso a apoio psicológico gratuito para vítimas. O Marco Civil da Internet já prevê punição, mas a aplicação é lenta. Rafaella mostrou que a mudança começa com a consciência — e com a coragem de dizer: "Eu não sou o problema. O problema é o ódio que você carrega."