Se você já recebeu a frase "Faça o teste do bafômetro" ao ser parado, sabe que a situação pode deixar o coração na mão. Mas, na real, entender como o aparelho funciona e quais são seus direitos pode transformar um susto em algo bem mais tranquilo.
O bafômetro é um aparelho portátil que captura o ar que você expira e mede a quantidade de álcool presente nele. Existem dois tipos principais: o químico, que usa um filtro reagente que muda de cor, e o eletrônico, que mede a condutividade elétrica do ar. Ambos dão um número que representa a concentração de álcool no sangue, geralmente em miligramas por decilitro (mg/dL) ou em gramas por litro (g/L).
Na maioria dos estados brasileiros, o limite legal varia entre 0,05 mg/L e 0,30 mg/L, dependendo da legislação local e se o motorista tem habilitação provisória ou definitiva. Se o resultado ficar acima do limite, a multa e a suspensão da CNH são imediatas.
Quando a polícia pedir o teste, você tem alguns direitos. Primeiro, pode recusar fazer o teste, mas isso costuma gerar a retenção do veículo e a suspensão da carteira, já que a recusa é interpretada como infração. Segundo, peça para que o procedimento seja feito na presença de duas testemunhas ou, se houver, de um agente de trânsito de outra unidade.
Se o aparelho não estiver calibrado ou se houver dúvidas sobre a coleta da amostra, você pode contestar o resultado na Justiça. Muitas vezes, a defesa se baseia em laudos de perícia que mostram falhas no equipamento ou na forma como o teste foi realizado.
Uma dica prática: se você ainda não bebeu ou tem certeza de estar dentro do limite, respire fundo antes de soprar. O ar da boca pode conter resíduos de álcool de comidas ou medicamentes, mas o bafômetro mede o ar dos pulmões, que reflete o consumo real.
Outra coisa que ajuda é conhecer as exceções. Por exemplo, motoristas de caminhão e veículos de carga têm limites mais baixos (0,02 mg/L na maioria dos estados). E quem tem habilitação provisória tem que ficar bem abaixo do limite, geralmente zero.
Em caso de multa, o documento enviado pelo DETRAN traz o número de identificação do bafômetro e a data da medição. Guarde tudo e, se achar necessário, procure um advogado especializado em trânsito para analisar se o equipamento estava em dia de manutenção.
Resumindo, o bafômetro não é um bicho de sete cabeças. Ele serve para garantir a segurança nas estradas, mas conhecer seu funcionamento, os limites da lei e seus direitos pode evitar dor de cabeça e multas desnecessárias. Quando estiver na estrada, conduza com responsabilidade e, se precisar, use aplicativos de cálculo de álcool para ter uma ideia rápida antes de voltar ao volante.