Quando alguém fala em lavagem de dinheiro, costuma imaginar carrinhos de luxo ou contas no exterior. Na prática, é bem mais simples: criminosos transformam dinheiro sujo – fruto de tráfico, corrupção ou fraude – em recursos que parecem legais. Essa transformação acontece em duas ou três etapas, e o objetivo é esconder a origem ilícita.
A primeira fase, chamada colocação, consiste em inserir o dinheiro na economia. Os golpistas podem usar empresas de fachada, comprar imóveis ou até apostar em loterias. Depois vem a camuflagem, onde o valor passa por várias transações – transferências bancárias, compra e venda de bens, compras internacionais – para dificultar o rastreamento. Por fim, a integração coloca o dinheiro de volta ao fluxo “limpo”, como se fosse lucro de um negócio legítimo.
Um exemplo comum no Brasil é o uso de restaurantes ou lojas de vestuário. O estabelecimento fatura mais do que o real, e a diferença serve para “lavar” valores ilegais. Outro truque frequente envolve a cryptomoeda: o dinheiro sujo é convertido em Bitcoin, passa por várias carteiras e volta como moeda fiduciária.
Se você tem um negócio, alguns indicadores podem alertar: clientes que sempre pagam em dinheiro, transações sem contrato, ou fornecedores que mudam de conta bancária sem motivo. Também vale observar se alguém tenta fechar negócios rapidamente sem apresentar documentos completos.
Para quem não tem empresa, o risco ainda existe. Golpistas podem oferecer “investimentos” que prometem retornos altos em curto prazo. Se algo parece bom demais para ser verdade, desconfie. Pergunte sempre pela origem dos recursos e exija comprovantes.
O governo brasileiro tem reforçado a Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei nº 9.613/98) e a Lei Anticorrupção. As instituições financeiras são obrigadas a reportar operações suspeitas ao COAF (agora parte da Receita Federal). Essa fiscalização tem resultado em operações de grande porte, como o caso “Operação Lava Jato”, que revelou esquemas de lavagem envolvendo empresas de construção, políticos e grandes bancos.
Além da ação policial, há iniciativas privadas de compliance – programas internos que ajudam empresas a detectar e prevenir práticas ilícitas. Se você dirige uma empresa, implemente políticas de know your customer (KYC) e treine sua equipe para reconhecer comportamentos estranhos.
Em resumo, a lavagem de dinheiro não é só um problema de grandes corporações. Ela afeta micro e pequenos negócios, consumidores e até usuários de serviços online. Ficar atento às etapas do esquema, conhecer os sinais de alerta e adotar boas práticas de transparência são as armas mais eficazes contra esse crime.
Quer saber mais ou precisa de ajuda para montar um plano de compliance? Consulte um advogado especializado em direito penal econômico ou procure o serviço de consultoria da sua associação comercial. Manter a reputação limpa pode evitar complicações legais e proteger seu bolso.