A gente costuma lembrar o 15 de novembro como o dia em que o Brasil trocou a coroa pela bandeira verde e amarela. Mas o que realmente motivou essa mudança? Para entender, é preciso olhar o Brasil do final do século XIX, quando a monarquia já mostrava sinais de desgaste.
Dom Pedro II tinha quase 70 anos, e a população estava cansada de um governo que parecia distante das necessidades do povo. A crise econômica causada pela queda do preço do café, a pressão dos militares e o descontentamento da elite agrária criaram um caldo fervendo. Foi nesse cenário que o marechal Deodoro da Fonseca, então comandante do Exército, acabou assumindo o protagonismo.
Nos anos que antecederam 1889, o Brasil vivia duas grandes transformações: a abolição da escravidão em 1888 e o crescimento das ideias republicanas inspiradas nas revoluções dos Estados Unidos e da França. A assinatura da Lei Áurea, embora celebrada, trouxe um choque econômico para os fazendeiros que dependiam do trabalho escravo.
Aos militares, esse choque se traduziu em medo de instabilidade social. Muitos acreditavam que a monarquia não seria capaz de controlar o caos. A chamada “Questão Militar”, que começou com a insatisfação dos oficiais sobre salários e promoções, acabou alimentando o desejo de um novo regime.
Além disso, a elite política, especialmente os cafeicultores de São Paulo, começou a apoiar a ideia republicana para ganhar mais autonomia e melhorar a exportação de café. Eles viam a República como um caminho para modernizar o país e abrir espaço para novos lideres.
Quando o marechal Deodoro liderou o levante e declarou a República, o Império acabou sem muita resistência. O rei Dom Pedro II aceitou a derrota e foi ao exílio. O novo governo precisou se organizar rápido: criou-se a Constituição de 1891, que estabeleceu a república federativa e separou Igreja e Estado.
Mas a transição não foi um mar de rosas. Os primeiros anos da República foram marcados por crises políticas, como a Revolta da Armada e a Revolução Federalista. O poder acabou concentrado nas mãos de militares e de coronéis, o que gerou um período conhecido como “República da Espada”.
Mesmo com esses perrengues, a Proclamação abriu caminho para reformas importantes: o ensino laico, a expansão das ferrovias e a modernização das finanças públicas. O Brasil começou a se inserir mais no cenário internacional, adotando políticas econômicas que favoreceram o crescimento do café e, mais tarde, da indústria.
Hoje, ao lembrar o 15 de novembro, vale refletir que a República não chegou por acaso. Foi o resultado de um conjunto de tensões econômicas, sociais e políticas que, juntas, trouxeram a mudança que o país precisava. Conhecer essa história ajuda a entender melhor os desafios que ainda enfrentamos e a valorizar a construção da democracia brasileira.